O Tio Domingos é um dos fundadores da Casa Garcia, um desses espanhóis feito alentejano. Agricultor, mas também homem de negócios, arregimentou os meios necessários para comprar herdades entre Barrancos e Moura fazendo com que a sua casa agrícola merecesse, nesta região, o nome de Casa Grande.

Talvez nunca tenha ficado completamente português, mas ficou completamente alentejano e, como alentejano, teve um trabalho muito meritório na criação de emprego na Amareleja. Distribuiu courelas nas imediações da aldeia aos assalariados da Casa Grande, contribuindo para sustentabilidade e autonomia económica de muitas famílias.

Dinamizou a agricultura e todos os negócios envolventes e estabeleceu um verdadeiro «mercado comum» entre os territórios da margem esquerda do Guadiana e a Andaluzia de que são prova os livros de registo de contabilidade que ainda mantemos.

Fundou o primeiro lagar de azeite da região onde transformava a azeitona da sua produção, mas também a de outros agricultores. Embora numa região periférica e longe dos centros de desenvolvimento tecnológico o lagar do Tio Domingos era tecnologicamente evoluído e engenhoso e a fonte de energia era uma locomotiva a vapor que, descontinuada pelos Caminhos de Ferro de Portugal, acabou a fazer azeite na Amareleja.

Por ser o responsável da Casa Grande o Tio Domingos recebia recorrentemente informação sobre as mais evoluídas alfaias agrícolas que se produziam no mundo e cedo percebeu que a transformação da força motriz das juntas de bois para parelhas de mulas aumentava, significativamente, a velocidade dos trabalhos no campo.

Apesar de todos os seus feitos foi sempre um homem discreto razão pela qual as duas ruas limítrofes desta casa têm ambas o seu nome, não de forma nominal e direta, mas através da evocação do Santo seu Padroeiro.