Joaquim ou «mano Joaquim»?

O mano Joaquim foi o almoxarife, o fiel de armazém, o moço de recados, o responsável de manutenção, o cocheiro, e tudo o mais da Casa Garcia.

Tratava a dona da casa por tia por ser efetivamente seu sobrinho. Dedicou toda a sua vida às pequenas tarefas da Casa Agrícola e ensinou à nossa geração as coisas do campo e do mudo rural, tal como aparelhar uma carroça, tirar água à nora com um burro, varejar uma oliveira, identificar as diferentes espécies de rapelhos ou afiar uma faca na pedra.

Tinha a responsabilidade diária de acender o lume na casa do lume e o privilégio anual de preparar o forno a lenha para a ceia de Natal ou o almoço de Páscoa.

Como autêntico alentejano trazia sempre uma navalha na algibeira e resolvia problemas funcionais com 90 % de eficácia, com recurso a um atilho de ráfia.

Conhecia como ninguém o humor próprio dos alentejanos e tinha a capacidade rara e bela de rir sem troçar de tudo quanto é ridículo nas nossa vidas.